terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Para onde será que você foi?


Foi apenas uma tarde comum, daquelas em que nos encontramos sem ter exatamente o que fazer. Apenas apreciamos o pôr do sol e elevamos os pensamentos, deixando os nossos sonhos virarem realidade. O mar não tinha ondas, então o silêncio foi a melhor parte nesse instante, fazendo com que meus olhos contemplassem a beleza irradiante de um fim de tarde. Resolvi me deixar levar pela brisa que me embalava, fechando aos poucos meus olhos e  mostrando um pequeno sorriso que acabava de sair dos meus lábios sem ao menos eu saber o motivo. Aos poucos você foi chegando, apareceu na forma mais autêntica, mais explícita, que me deixou aturdida, desesperada sem ter a mínima reação.  Sem urgência deixei-me levar pela maciez do seu toque, pela forma carinhosa que me deixava concentrada unicamente nisso. Não conseguia abrir os olhos, tentava, porém eram tentativas em vão. Pareciam que os mesmos se encontravam anestesiados, submissos a tanto envolvimento, tantas carícias que me deixavam ali, apenas paralisada, por ti. Foi tomando-me aos poucos, me envolvendo com a sensação de querer mais, de ultrapassar os limites e eu fui deixando tudo acontecer. Entreguei-me, dei-me por completa, te envolvi, me envolvi e percebi que meus braços não iam ser suficientes pra abraçar você, que minha voz não saía e que eu tinha tanta coisa pra dizer. Havia muito, e eu, apenas permanecia calada, as mãos trêmulas, o coração palpitando e neste exato momento consegui abrir os olhos.  Apenas o que vi foi uma noite linda, com tantas estrelas e uma lua perfeita iluminando meu corpo sobre a areia. Fiquei assustada procurando você, porém não estavas... Para onde será que você foi? Por onde tem andado? Tenho tanta coisa para lhe falar [...]

"E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é difícil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que se no momento certo se reencontrem, que nada, nada seja por acaso."
(Caio Fernando Abreu).

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